Os heróis têm sido uma fonte de inspiração e um espelho para o self em desenvolvimento desde as sociedades primitivas de tradição oral e, ao que parece, estão longe de sair da moda. Mas afinal, que tipo de herói melhor espelha os homens e mulheres contemporâneos? E como a sua jornada pode nos inspirar em nossos desafios?
“O único mito sobre o qual vale a pena pensar no futuro imediato é aquele que fala do planeta, não sobre ‘esta cidade’ ou ‘este povo’ mas sobre o planeta todo e todos que vivem nele. Essa é a minha idéia principal sobre qual será o futuro mito. E o seu tema será exatamente o mesmo de todos os mitos: a maturação do indivíduo, o caminho gradual e pedagógico a seguir desde a dependência até a vida adulta, até a maturidade e depois até a saída. E como fazer isso. E então, como relacionar esta sociedade com o mundo da natureza e do cosmos. É sobre isto que todos os mitos falam e é disso que o próximo mito deverá falar. Mas a sociedade sobre a qual ele falará é a sociedade planetária e até que isto aconteça, nós não temos nada.” - Joseph Campbell
Joseph Campbell faleceu em 1987 cerca de um ano após dizer estas palavras em sua conversa com Bill Moyers na série “O Poder do Mito”. Ele se foi sem ter o privilégio de testemunhar o surgimento da internet como fenômeno social global e sem ter assistido a superprodução Matrix, que entrou em cartaz em 1999 nas telas de cinema do mundo todo. Se ele estivesse vivo, seria plausível imaginá-lo na poltrona do cinema dizendo animadamente: “Era sobre isso que eu falava!”.
Independente de qual seria a opinião de Joseph Campbell sobre o filme, Matrix seguiu à risca a estrutura da Jornada do Herói em uma linguagem contemporânea e, muito mais que isso, ampliou para um contexto abarcador de toda a humanidade. Os diálogos de Matrix servem à sua história enquanto falam muitas vezes explicitamente sobre o que é implícito na maioria das histórias, daquilo que é possível se apreender dos símbolos presentes nos mitos.
Durante esta transição de milênio é cada vez mais evidente os colossais desafios globais que enfrentamos como membros da humanidade, é cada vez mais difícil não perceber os efeitos dos grandes problemas em nossas vidas: seja o aquecimento global, a degradação da natureza por ação do homem, seja a fome crônica em muitos países, os movimentos migratórios e a intolerância, as crises econômicas transnacionais, o que evidenciam a importância de histórias que falem sobre heróis globais.
Porém, este tipo de desafio global não são os únicos que temos que transpor; ainda somos animais que, como Hércules, temos que lutar para direcionar nossos impulsos mais instintivos ao mesmo tempo que lutamos pela sobrevivência, somos também seres sociais e temos que desempenhar uma série de papéis: como pais temos responsabilidades no cuidado dos filhos, temos que ser bons profissionais, bons cidadãos, manter nossas casas limpas e arrumadas, temos que cuidar da nossa saúde e bem-estar, temos que nos entender com os nossos parceiros afetivos ao mesmo tempo que nutrimos e expressamos a nossa própria natureza sexual, temos que aprender e desenvolver novos ofícios o tempo todo. Enfim, vivemos uma incontável série de situações de vida ao mesmo tempo, o que por um instante faz parecer que Neo ou Hércules tiveram uma vida fácil.
O Herói dos nossos tempos não apenas deve lidar com desafios globais como também deverá fazê-lo ao mesmo tempo em que enfrenta seus desafios mais particulares e os seus desafios compartilhados como membro de uma família ou grupo; ele é o tempo todo desafiado a integrar seus diversos mundos em um todo coerente e harmônico, sempre em evolução. O herói do século XXI percorre uma jornada fractal, multidimensional e multinivelada, ele deve transitar por contextos cada vez mais profundos e complexos, assim como Dom Cobb, o invasor de sonhos do filme A Origem (Inception, Chris Nolan, 2010) que resolvia desafios intrincados movendo-se por sonhos dentro de outros sonhos, dentro de outros sonhos...
Independente de qual seria a opinião de Joseph Campbell sobre o filme, Matrix seguiu à risca a estrutura da Jornada do Herói em uma linguagem contemporânea e, muito mais que isso, ampliou para um contexto abarcador de toda a humanidade. Os diálogos de Matrix servem à sua história enquanto falam muitas vezes explicitamente sobre o que é implícito na maioria das histórias, daquilo que é possível se apreender dos símbolos presentes nos mitos.
Durante esta transição de milênio é cada vez mais evidente os colossais desafios globais que enfrentamos como membros da humanidade, é cada vez mais difícil não perceber os efeitos dos grandes problemas em nossas vidas: seja o aquecimento global, a degradação da natureza por ação do homem, seja a fome crônica em muitos países, os movimentos migratórios e a intolerância, as crises econômicas transnacionais, o que evidenciam a importância de histórias que falem sobre heróis globais.
Porém, este tipo de desafio global não são os únicos que temos que transpor; ainda somos animais que, como Hércules, temos que lutar para direcionar nossos impulsos mais instintivos ao mesmo tempo que lutamos pela sobrevivência, somos também seres sociais e temos que desempenhar uma série de papéis: como pais temos responsabilidades no cuidado dos filhos, temos que ser bons profissionais, bons cidadãos, manter nossas casas limpas e arrumadas, temos que cuidar da nossa saúde e bem-estar, temos que nos entender com os nossos parceiros afetivos ao mesmo tempo que nutrimos e expressamos a nossa própria natureza sexual, temos que aprender e desenvolver novos ofícios o tempo todo. Enfim, vivemos uma incontável série de situações de vida ao mesmo tempo, o que por um instante faz parecer que Neo ou Hércules tiveram uma vida fácil.
O Herói dos nossos tempos não apenas deve lidar com desafios globais como também deverá fazê-lo ao mesmo tempo em que enfrenta seus desafios mais particulares e os seus desafios compartilhados como membro de uma família ou grupo; ele é o tempo todo desafiado a integrar seus diversos mundos em um todo coerente e harmônico, sempre em evolução. O herói do século XXI percorre uma jornada fractal, multidimensional e multinivelada, ele deve transitar por contextos cada vez mais profundos e complexos, assim como Dom Cobb, o invasor de sonhos do filme A Origem (Inception, Chris Nolan, 2010) que resolvia desafios intrincados movendo-se por sonhos dentro de outros sonhos, dentro de outros sonhos...
Leia o artigo na íntegra:
artigo-a_jornada_fractal_do_heri_integral.vot.pdf |